a estruga

𝐞𝐫𝐯𝐚-𝐝𝐨-𝐜𝐞𝐠𝐨 (s.f.)

ʙᴏᴛᴀ̂ɴɪᴄᴀ designação comum, extensiva às plantas herbáceas do género Urtica, da família das urticáceas, de folhas rugosas e revestidas de pelos secretores de uma substância que provoca comichão e irritação ao entrar em contacto com a pele; estruga, ortiga.


Há um tempo ouvim uma pergunta que me resultou chocante: qual a vez primeira em que soubeste que uma planta era uma planta, o momento em que entendeste que aquilo era um ser vivo alheio a ti, que era um outro e não um elemento inerte que decorava o teu mundo.

Fiquei atravessado por estas palavras e comecei a pensar em qual seria a primeira planta que entendim que era uma planta. Deste blogue já se adivinha que foi a ortiga, a erva-do-cego. São incontáveis as vezes que me ortiguei de neno na aldeia, incontáveis as lembranças de chorar enquanto me botavam pomadas para aliviar a irritação e que tivem que aprender que, efectivamente, as ortigas eram seres que impunham o seu espaço. Semelha que fôrom para mim a primeira planta.

Agora com perspectiva e cavilando na pergunta dou-me de conta das boas lições que a ortiga me deu. Aprendim da existência das plantas, do seu temperamento, da importância de respeitar os limites doutrem e marcar os próprios, de colaborar e não usar. Todas estas, lições da Arte que sementadas dormiam em mim desde a infância à espera do momento de crescer e florescer com o estudo e o trabalho mágico. Aprendim a importância dos caminhos, de conhecê-los e de andá-los. Aprendim do saber folclórico do meu povo e do paganismo que se encerra atrás das prezes e dos santos. Aprendim a liminariedade das encruzilhadas, a cruz que marca o passo entre o Aquém e o Além, onde tudo se fai e tudo acontece.

Aprendido isto todo, chegou o momento de andar a caminhar os caminhos, de unir-se à celebração e ser romeiro nesta romagem que preside a Senhora.

Guinevere’s Maying, John Collier

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